MINHA SAIA CURTA
( Eve Ensler / Monólogos da vagina)
Minha saia curta
Não é um convite
Uma provocação
Uma indicação
Que eu o quero
Que eu vou dar
Que eu tô atrás
Minha saia curta
Não está pedindo
Não está querendo
Que você a arranque
Ou a faça descer
Minha saia curta
Não é uma razão legal
Para me estuprar
Como autrora
Isso não será mais aceito
Diante do novo tribunal
Minha saia curta Acredite ou não
Não tem nada ver com você
Minha saia curta
É sobre a descoberta
Do poder da batata das minhas pernas
Sobre o ar fresco do outono
Subindo para minhas coxas
Sobre permitir tudo que eu vejo, que eu passo
Ou sinto viver dentro de mim
Minha saia curta não é uma prova
Que eu sou estúpida
Ou pouco decidida
Ou menina maleável
Minha saia curta é meu desafio
Não deixarei você me amedrontar
Minha saia curta não é amostragem
É o que eu sou
Antes que você me mande me cobrir
Antes que a modele de outro jeito
Se acostume
Minha saia curta é felicidade
Posso me sentir firme no chão.
Eu estou aqui. Eu to com calor.
Minha saia curta
É água turquesa
Com peixes coloridos nadando
Um festival de verão
No escuro estrelado
Um pássaro chamando
Um trem chegando numa cidade estrangeira
Minha saia curta é um giro selvagem
Uma respiração inteira
Um passo de tango
Minha saia curta é
Iniciação
ApreciaçãoExcitação
Mas principalmente, a minha saia curta
E tudo que esta debaixo dela
É meu
Meu
Meu.
Minha saia curta é a bandeira de liberdade
Da tropa das mulheres
Declaro essas ruas, todas as ruas
O país da minha vagina
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